Espirito Santo de Deus: o que é, sua função na Igreja e o que Bíblia diz sobre Ele.
Uma das figuras mais controversas da Bíblia é o Espírito Santo.
Ainda hoje diversas linhas teológicas divergem quanto à sua atuação nos dias atuais. Por muito tempo a Terceira Pessoa da Trindade foi negligenciada, sendo pouco citada e pregada.
Enquanto era muito comum ouvir falar de Deus Pai e de Jesus Cristo, pouco ou quase nada se pregava sobre o Espírito Santo.
Por outro lado, muito ministérios deram uma centralidade indevida ao Espírito Santo e lhe atribuíram sinais e ações que pouco, ou nada, tem a ver com Ele.
Você sabe dizer qual é a real função do Espírito Santo? Entende por que ele é tão importante para a Igreja hoje?
Neste conteúdo veremos com detalhes o ministério do Espírito Santo e como ele atua na Igreja. Você aprenderá:
- O que é o Espírito Santo
- Como Ele atua nos dias de hoje
- Como receber o Espírito Santo
- O que é o Batismo no Espírito Santo
- O que é e como ser cheio do Espírito Santo
Então, vamos lá!
O que é o Espírito Santo de Deus?
O Espírito Santo é a Terceira Pessoa da Trindade, o que quer dizer que Ele é Deus. Ele habita no cristão e é responsável por levá-lo a crer em Deus e ao arrependimento dos pecados.
Muitas pessoas tratam o Espírito de Deus como se fosse uma energia, algo que o cristão controla e dá poderes a ele. Mas o Espírito é uma pessoa.
E a Bíblia deixa claro que não somos nós quem mandamos, ordemos ou sopramos o Espírito Santo, mas é ele quem guia e controla a sua igreja.
Isso fica evidente em Atos, quando Paulo viajava em missões e tem os planos modificados. A Palavra diz que o Apóstolo ia em uma direção quando foi “impedido pelo Espírito Santo” (At 16.6-7).
E depois é conduzido pelo Espírito até a Macedônia.
O Espírito é o próprio Deus que habita nos cristãos e nos capacita vivermos a vida que Cristo tem para nós.
O Espírito Santo na Bíblia
A melhor forma de entendermos o que é o Espírito Santo é investigando com detalhes o que a Bíblia diz sobre ele.
Vamos começar observando a melhor fonte que temos nas escrituras, o discurso de Jesus em João 14, 15 e 16.
“Outro” Paracleto (Consolador)
A primeira afirmação de Jesus a respeito do Espírito é que ele rogaria e o Pai enviaria outro Consolador (Parakletos, no orginal).
Dou essa ênfase na palavra “outro” porque ela é de suma importância para entendermos.
Quando Jesus diz que o Pai enviaria “outro” Paracleto, Jesus está colocando o Espírito Santo no mesmo patamar que ele próprio.
É como se Jesus dissesse: “eu sou o primeiro Consolador, porém o Pai enviará outro!”.
A única vez que a palavra Paracleto aparece na Bíblia, fora do discurso de Jesus para os Apóstolos no livro de João, é referindo-se ao próprio Cristo. Acontece na famosa passagem na 1ª Carta de João, onde o Apóstolo afirma que “se pecarmos, temos advogado junto ao Pai” (1Jo 2.1), a palavra traduzida por advogado é Paracleto.
Isso implica em algumas conclusões importantes:
1º. Isso comprova a divindade do Espírito Santo. Se Jesus é Deus e está afirmando que o Espírito está no mesmo patamar, logo, Ele também é Deus.
2º Isso nos ensina que o Espírito tem conosco hoje o mesmo papel que Jesus tinha com os seus apóstolos
Jesus era o líder, amigo, conselheiro, pastor, advogado, consolador etc. tudo isso é também função do Espírito Santo em nossas vidas.
O que é Paracleto?
Traduzido em algumas Bíblias como Consolador em alguns momentos e Advogado em outros, Paracleto, além desses dois sentidos, significa, literalmente, o que é chamado para o lado de alguém.
Chamá-lo apenas de Consolador ou Advogado acaba nos levando a reduzir o riquíssimo significado que essa palavra possui.
O Espírito é aquele que, de fato, caminha com o Cristão, capacitando e conduzindo a uma vida de entrega, obediência e devoção a Deus.
O livro de Atos (também chamado de Atos do Apóstolos), poderia ser também chamados de Atos do Espírito Santo.
Jesus havia instruído os seus apóstolos que esperassem até que fossem revestidos de poder para serem testemunhas dEle (At 1.8).
Apenas quando recebem o Paracleto para caminhar com eles, é que são capacitados para fazer a obra e testemunharem a respeito de Cristo.
A função do Espírito Santo
Vimos que o Espírito é aquele que nos capacita e conduz a nossa vida Cristã. Hoje em dia, muitos associam o Espírito Santo apenas a manifestações, sensações, milagres, línguas estranhas e curas.
Porém se olharmos o discurso de Jesus sobre o Espírito (Jo 14-16) podemos perceber que nenhum desses elementos sequer é citado.
Apesar de ser o Espírito Santo que faz milagres, sinais e distribui dons por meio dos seus discípulos, vemos que a ênfase do seu ministério não é essa.
Infelizmente, muitos ministérios atualmente focam naquilo que não é o principal.
Vamos aprender a verdadeira ênfase que Jesus dá na obra do Espírito.
O Espírito da Verdade (Jo 14.17)
Além de chamá-lo de Paracleto, Jesus também usar o termo Espírito da “Verdade”.
Isso significa que o Ele é o único verdadeiro e somente podemos chegar à verdade por meio dEle.
Isso fica evidente na vida do Apóstolo Paulo. Antes de receber o Espírito Santo, Paulo já possuía todo o conhecimento nas escrituras judaicas, porém, apenas por meio da atuação do Espírito de Deus é que ele chegou à verdade.
Habita em vós (Jo 14.17)
O Espírito Santo sempre atuou na Terra. No Antigo Testamento a sua atuação é destacada em diversos momentos:
- Capacitando José para interpretação do sonho de Faraó (Gn 41.34)
- Deu habilidade e inteligência para o serviço a Bezalel e a Aoliabe (Ex 36.1)
- Capacitando Gideão na liderança (Jz 6.34)
- Dando força extraordinária para Sansão (Jz 14.6)
- Falou por meio dos Profetas (Is 48.16)
Podemos enumerar ainda vários outros episódios. Porém, o Espírito de Deus atuava de forma pontual na vida desses homens.
Após a ascensão de Jesus, o Espírito habita EM nós. E qual conforto poderia ser melhor para o cristão do que compreender que o próprio Deus habita em nós?
Nenhuma mentira, nenhum falso ensino, nenhum pecado, nenhuma artimanha de Satanás prevalecerá contra a Igreja de Cristo, porque “maior é o que está EM nós” (1Jo 4).
Vos ensinará e vos fará lembrar (Jo 14.26)
O Espírito de Deus é nosso professor, nosso tutor para que possamos compreender os ensinos da Lei de Moisés, dos Profetas e do próprio Cristo.
Por mais que caminhassem com Jesus, os Apóstolos ainda eram incapazes de compreender todo o seu ensino e sua identidade em toda plenitude.
Mesmo após tanto tempo juntos, após viver o ministério com o seu mestre, eles não compreendiam a necessidade do Cristo padecer.
No meio de seu último discurso Tomé pede para que Jesus os “mostre o Pai” (Jo 14.8), sem compreender que em Cristo estava toda a plenitude da divindade.
Sem a iluminação do Espírito Santo, eles nunca teriam compreendido a obra redentora de Cristo e sua função como seguidores de Jesus.
Paulo diz que o Evangelho é “loucura para os gentios e tropeço para os judeus” (1Co 1.23), após a ressurreição de Cristo os seus discípulos tem o entendimento aberto para “compreenderem as Escrituras” (Lc 24.45).
Apenas o Espírito Santo é capaz de remover o véu que está no coração dos homens, impedindo que compreendam a verdade sobre Deus Pai e Cristo Jesus (2Co 3.12-18).
Além de nos ensinar, o Espírito nos lembra de tudo o que Cristo nos prometeu.
Ele nos traz o consolo, a lembrança das verdadeiras palavras do Senhor e a convicção que são verdadeiras.
Ele traz à nossa memória o que nos dá esperança (Lm 3.21).
Nosso Advogado
Um dos sentidos da palavra Paracleto é advogado.
Vimos que Cristo é nosso advogado perante o Pai (1Jo 2.1). Se pecarmos, podemos nos arrepender e descansar sabendo que Cristo nos justifica perante o Senhor. Jesus intercede POR nós.
O Espírito é também nosso advogado, porém de uma forma um pouco diferente. O Espírito Santo de Deus intercede EM nós.
Ele nos assiste (auxilia) em nossa fraqueza. Não sabemos orar como convém, porém sabemos que o Espírito intercede por nós com gemidos inexprimíveis (que não pode ser expressado em palavras).
E é segundo a vontade de Deus Pai que Ele intercede por nós. (Rm 8.26-27)
É também o próprio Espírito que gera em nós o desejo de orarmos e buscarmos a Deus com o coração sincero. Sem Ele, “não há quem busque a Deus” (Rm 3).
Além disso, Jesus nos promete que quando sua Igreja fosse perseguida e colocada diante de reis e governadores, seríamos testemunhas a seus respeito.
E não precisaríamos nos preocupar com o que dizer porque “o Espírito de vosso Pai é quem fala em vós” (Mt 10.16-20).
Um exemplo claro disso é o martírio de Estevão, quando nenhum dos grandes mestres de Israel conseguem “resistir à sabedoria e ao Espírito pelo qual ele falava” (At 6.10).
Quando estava na Terra, Jesus falava por seus Apóstolos, hoje o Espírito fala por nós.
Dará testemunho/dareis testemunho (Jo 15. 26-27)
Ser testemunha é ter visto, ouvido ou experimentado algo. É o Espírito Santo quem nos dá o testemunho de Cristo.
É por isso que temos a plena certeza da vida e obra de Cristo. E é por isso que nós podemos dar testemunho de Jesus. O Espírito nos transforma.
O Espírito transforma um perseguidor em Apóstolo (At 9).
Quando pensamos em ser revestidos de poder (At 1.8), muitas vezes pensamos exclusivamente em milagres, dons, sinais, prodígios, manifestações e curas.
Porém, Jesus se referia ao poder para sermos testemunhas a seu respeito.
É por isso que Paulo afirma que não precisamos de discursos eloquentes e esbanjar conhecimento. Damos testemunho de “Cristo e este crucificado” (1Co 2.1-2).
E é por meio do Espírito que proclamamos aquele que não vimos, porém amamos (1Pe 1.8). Porque fomos feitos testemunhas, pela fé, não apenas cremos, mas conhecemos a Deus.
Por meio do Espírito, pela fé que nos é outorgada, pregamos não daquilo que ouvimos falar, mas que nossos olhos veem (Jo 42.5).
Distribuição dos Dons Espirituais
O revestimento de poder também envolve a distribuição dos dons da Igreja (Rm 12.6-8; 1Co 12; Ef 4.7-13), tanto os miraculosos (como curas) quanto os ordinários (como socorro e ensino).
É função o Espírito a distribuição conforme a sua vontade e de acordo com o ministério que cada pessoa exercerá.
Convencerá do Pecado, da Justiça e do Juízo (Jo 16.8)
O Paracleto é responsável pela conversão e mudança de vida de um Cristão. É Ele quem convence o Cristão do Pecado, da Justiça e do Juízo.
Uma pregação eloquente e os muitos estudos jamais nos convenceriam dessas verdades.
Muitos de nós sabemos esse versículo de cor, mas muitas vezes não entendemos a profundidade desse convencimento:
Pecado: dificilmente alguém admitirá que é uma pessoa ruim. Dificilmente uma pessoa se descreverá como depravada, impura, egoísta, cruel, má, injusta etc.
Porém, o Espírito revela a nossa maldade. Percebemos o quão necessitados da graça e do perdão de Deus somos.
E acima de tudo, o Espírito nos tira da incredulidade. Ele nos convence da verdade de Cristo e do Evangelho.
Embora todos nós tenhamos pecados, o mais grave e que verdadeiramente nos afastará do perdão de Deus é não crer em Jesus Cristo. Não crer em seu sacrifício salvífico. (Jo 16.9)
Todos os outros pecados que tenhamos cometidos serão redimidos e apagados, mas apenas se crermos que Jesus se entregou por nós.
Justiça: quando convencidos do pecado, temos a plena convicção de que não há justiça própria.
Nada que eu faço, nenhuma boa ação, nada poderá me justificar do meu pecado perante Deus.
Porém, Deus fez justiça mediante Cristo Jesus. A justiça que vem pela fé em Cristo, que se ofereceu como sacrifício por todo aquele que nele crê. Todo homem pecou e carece da graça de Deus, e a única forma é por meio da justificação em Cristo. (Rm 3:21-26)
É dessa justiça que o Espírito Santo de Deus nos convence.
Juízo: toda maldade, todo pecado e o próprio Satanás já estão condenados. A sentença já foi dada.
Os pecados daqueles que crêem na justiça de Cristo, foram condenados na cruz. O nosso pecado já não pode mais nos escravizar, pois morremos para ele.
E toda maldade que existe neste mundo será condenada no retorno de Jesus.
Se toda a maldade que havia em mim já foi condenada, logo, nenhuma acusação contra os eleitos de Deus pode prevalecer. E o Consolador coloca essa esperança em nossos coração.
O meu pecado está condenado, Satanás está condenado, mas nós, estamos justificados, em Cristo.
Anunciará as coisas que hão de vir (Jo 16.13)
O Paracleto também consola a Igreja de Jesus de uma forma muito particular, revelando o que Deus tem preparado para nós.
Sabe o dia que você estava triste e uma pessoa te falou “nem olhos viram nem ouvidos ouviram o que Deus tem preparado para aqueles que o amam”?
Pois é, esse é um daqueles versículos bastante utilizados fora de seu contexto. A passagem está em 1Co 2.9, que na verdade é uma citação de Is 64.4.
Porém, no verso seguinte Paulo prossegue: “mas Deus no-lo revelou pelo Espírito” (1Co 2.10).
O Espírito Santo revelou à Igreja mistérios outrora ocultos, revelou a função da Igreja na Terra, a união com os gentios, as perspectivas da volta do Messias, nos deu perspectivas e anseio pela Eternidade com Deus e, claro, revelou o desfecho do cânon Bíblico com todo o Novo Testamento.
O Espírito Santo é quem leva sua Igreja a ansiar pela volta de Cristo, sabendo o quão maravilhoso será estar com nosso Senhor.
Me glorificará (Jo 16.14)
O Espírito Santo aponta para Cristo!
Se o Filho veio para glorificar o Pai, o Espírito vem para glorificar o Filho. Isso é muito importante compreendermos, uma vez que isso nos mostra que o Espírito Santo nunca é o Centro das reuniões da Igreja!
Isso não quer dizer que não devemos prestar nossos louvores a Ele, mas nos mostra que Ele veio para glorificar o Filho e não assumir o Centro da adoração da Igreja.
É correto dizer que Ele é o Centro na condução do culto. Afinal, é Ele quem nos conduz em adoração, direciona nossas orações e deve ter liberdade para se mover na reunião.
Porém, sua obra não deve ser o Centro da reunião. Ele nos conduz à adorar a Cristo e sua obra redentora, além de edificar os santos.
Um culto realmente cheio do Espírito Santo não é necessariamente um culto cheio de sensações, emoções, êxtase e manifestações.
Um culto cheio do Espírito é aquele que honra e exalta a pessoa de Jesus Cristo. Ele nunca é o protagonista e nunca quis ser.
Espírito de Adoção (Rm 8)
Um aspecto sobre o Paracleto que não é dito de forma explícita no discurso de Jesus é a adoção.
Por isso, complemento o discurso de Jesus com uma das mais belas verdades sobre o Consolador que a Bíblia nos revela.
Paulo na carta aos Romanos nos ensina que o Espírito é quem testifica que somos Filhos de Deus.
Mais maravilhoso que sermos perdoados dos nossos pecados, sermos considerados justos diante de Deus, estarmos livres da ira vindoura é saber que éramos inimigos de Deus (Rm 5.10) e agora somos adotados e chamados de Filhos.
Isso quer dizer que o é o próprio Espírito que nos leva a desejar a presença do Pai, que nos leva a orar e a buscar um relacionamento íntimo com Ele.
Essa identidade de saber que Deus é nosso Pai é o mais profundo consolo que podemos receber.
O Deus criador dos Céus e da Terra, o Deus Santo e moralmente perfeito, Aquele que é Eterno e majestoso, nos chama de Filhos.
E essa convicção só vem pelo convencimento do Espírito de Deus.